Caindo a ficha.

Não posso dizer que eu não notei que estava engordando. Eu notei sim, só não tive coragem de assumir isso! Eu nunca fui magra, mas com o passar dos anos eu fui engordando mais e mais. A pior parte disso tudo foi sentir pena de mim mesma e comer pra suprir essa dor. Não posso reclamar de solidão, sempre tive muitos amigos e minha família sempre esteve do meu lado, mas eu sei que alguma coisa faltava na minha vida pra eu descontar tudo, assim, na comida. Bom, até agora não sei o que falta, mas pelo menos não sinto mais pena de mim. Sexta-feira passada eu tive um estalo, sei lá o que aconteceu, mas tudo ficou tão claro na minha cabeça... eu percebí que a culpa de tudo isso é só minha, de mais ninguém. Eu pensei no que estou fazendo comigo: encurtando a minha vida, me privando de viver, de passear, de namorar, de me amar, de sentir os prazeres mais simples da vida... Pensei, então, numa amiga minha que foi baleada e hoje vive numa cadeiras de rodas: Ela não escolheu estar assim, ela não acordou um dia e pensou "Hoje eu to afim de levar um tiro!". Mas comigo é diferente, eu estou gorda porque eu escolhí estar assim. Eu posso morrer do coração, ter diabetes, colesterol alto e tantas outras coisas que serão causadas por mim a mim mesma! Pensei também que eu só tenho uma vida e não vou aceitar passar por ela como uma pessoa frustrada e sem perspectivas. Eu quero viver! Resolví valorizar a pessoa que existe dentro de mim, ela gritava e eu não conseguia escutar... até sexta-feira! E agora que eu ouví, ninguém me segura! Sei que o caminho vai ser longo e também sei que algumas dificuldades poderão aparecer, mas acredito que o sofrimento é uma coisa opcional. Então... vamos nessa!